Tireoide e bem-estar: o papel dos nutrientes no equilíbrio hormonal

O hipotireoidismo é uma condição clínica caracterizada pela produção insuficiente de hormônios pela glândula tireoide, responsável por regular o metabolismo, a temperatura corporal, o funcionamento do sistema cardiovascular, neurológico e até o humor. Quando há uma queda nos níveis desses hormônios – principalmente a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3) – o corpo entra em um ritmo mais lento, o que impacta diversas funções vitais.

Os sintomas mais comuns incluem cansaço persistente, ganho de peso, sensação de frio constante, constipação intestinal, dificuldades cognitivas, confusão mental, dores musculares e até quadros de depressão. Por se tratar de sintomas difusos, o diagnóstico pode ser tardio. Por isso, a atenção aos sinais do corpo e exames laboratoriais regulares são fundamentais para detectar o problema.

O papel da alimentação no equilíbrio hormonal da tireoide

Além do tratamento com reposição hormonal – normalmente à base de levotiroxina – a alimentação tem um papel essencial no cuidado com o hipotireoidismo. Uma dieta rica em nutrientes específicos pode favorecer a produção e conversão dos hormônios da tireoide, protegendo a glândula de inflamações e promovendo o equilíbrio do organismo como um todo.

Alimentos fontes de determinados minerais e vitaminas são especialmente relevantes. Esses nutrientes não apenas sustentam o funcionamento ideal da tireoide, como também auxiliam na redução de sintomas e na prevenção de complicações mais graves.

Magnésio, selênio e zinco: aliados da função tireoidiana

Entre os minerais mais importantes para quem convive com o hipotireoidismo está o magnésio. Ele atua na regulação do sistema nervoso, no ritmo cardíaco e na conversão do T4 (forma inativa) em T3 (forma ativa). A deficiência de magnésio pode comprometer essa conversão, afetando diretamente os níveis hormonais. Vegetais verde-escuros, sementes e grãos integrais são boas fontes desse nutriente.

Outro mineral essencial é o selênio, conhecido por suas propriedades antioxidantes. Ele protege a tireoide contra o estresse oxidativo, muito comum em distúrbios autoimunes como a tireoidite de Hashimoto, e auxilia também na conversão hormonal. Alimentos como castanha-do-pará, peixes e ovos são boas fontes de selênio.

O zinco, por sua vez, participa da síntese dos hormônios tireoidianos e da regulação do TSH (hormônio que estimula a tireoide). Ele é encontrado em carnes, frutos do mar, sementes e cereais integrais, e sua deficiência pode afetar tanto o metabolismo quanto o sistema imune.

O ferro também desempenha um papel indispensável no funcionamento da tireoide. Ele participa da conversão de T4 em T3 e sua ausência está associada a quadros de hipotireoidismo funcional. Carnes vermelhas, leguminosas e vegetais de folhas escuras são boas fontes de ferro, e sua absorção pode ser potencializada com a ingestão de vitamina C.

Iodo: fundamental, mas exige atenção

O iodo é um dos minerais mais diretamente ligados à saúde da tireoide. Sua principal, e praticamente única, função no organismo é possibilitar a produção de T3 e T4. A deficiência de iodo ainda é uma causa frequente de disfunções tireoidianas no mundo. No entanto, o excesso de iodo também pode prejudicar a tireoide, especialmente em pessoas com predisposição genética a doenças autoimunes, por isso é fundamental buscar orientação médica antes de usar suplementos.

Vitaminas essenciais para a saúde da tireoide

As vitaminas do complexo B são especialmente relevantes para o metabolismo e o equilíbrio hormonal. A tiamina (vitamina B1) é útil na redução da fadiga, sintoma bastante comum em pessoas com hipotireoidismo, enquanto a riboflavina (B2) e a niacina (B3) contribuem para o bom funcionamento das células e da própria glândula.

A vitamina A também é fundamental, pois atua diretamente na conversão de T4 em T3. Sua absorção é mais eficaz quando ingerida com proteínas de qualidade. Já a vitamina E, com sua potente ação antioxidante, protege os tecidos da tireoide contra danos causados por processos inflamatórios.

Uma abordagem integrativa: cuidar da tireoide vai além da medicação

Embora o tratamento medicamentoso seja essencial, principalmente em casos moderados a graves de hipotireoidismo, é importante compreender que uma abordagem integrativa pode oferecer resultados mais duradouros. A alimentação adequada, rica em nutrientes específicos, é uma aliada poderosa para estabilizar os níveis hormonais, reduzir sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Adotar hábitos saudáveis, evitar dietas restritivas sem acompanhamento profissional, fazer exames regulares e manter uma boa rotina de sono e atividade física também são práticas recomendadas para quem busca cuidar da tireoide com responsabilidade.

Se você sente alguns dos sintomas do hipotireoidismo ou já recebeu o diagnóstico, converse com um endocrinologista e com um nutricionista especializado. Juntos, eles podem montar um plano de tratamento e alimentação individualizado, garantindo que você ofereça à sua tireoide tudo o que ela precisa para funcionar em equilíbrio.

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Foto: Damla Selen Demir